No meio deste século, a África terá um mercado equivalente ao tamanho dos dois países mais populosos do mundo: Índia e China. O continente quer aproveitar esse potencial e impulsionar o crescimento econômico local e em nível global.
A ONU seguiu os planos da região para a etapa de industrialização no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável.
Energia de carbono zero
O diretor executivo interino da Comissão Econômica para África, ECA, António Pedro, falou à ONU News, em Nova Iorque. Ele detalhou algumas ambições regionais como apostar na energia de carbono zero rumo para alcançar a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
“Nós estamos aqui para discutir o estado da implementação da realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em África. Viemos com a mensagem muito clara. Primeiro que é um desafio muito grande para todos os países. A maior parte dos objetivos não vai ser alcançada se não houver um esforço considerável de todas as partes na resolução de alguns dos obstáculos: primeiro é uma liderança e uma coerência e coordenação, a todos os níveis. Segundo que nós temos oportunidades para alcançar esses Objetivos e fazer uma melhor aplicação dos nossos recursos”.
Um estudo da agência da ONU que permitirá recolher dados para a produção de veículos elétricos. Mas esse seria um passo a dar depois da atual aposta em liderar a oferta de componentes mais ecológicos para a indústria automobilística.
Economia azul e ação climática
“O desenvolvimento da cadeia de valores de baterias de carros elétricos, que envolve países como a República Democrática do Congo e a Zâmbia. Mas vai para além disso. Moçambique, como um país produtor de grafite, é um componente importante para produção de baterias e poderá se beneficiar. Nós vamos lançar os resultados do estudo de viabilidade que há em agosto, um tempo que vai permitir que os países africanos possam sair do mercado de cerca de US$ 11 bilhões para o mercado de US$ 271 bilhões”.
Como um dos exemplos de ações envolvendo a combinação de liderança, inovação, busca de recursos e soluções, António Pedro citou a adoção, por líderes africanos, da Declaração sobre a economia azul e a ação climática. O documento foi aprovado em junho, em Moroni, nas ilhas Comores.
“A ambição é muito mais do que essa. E é a produção de carros elétricos no continente. E e aí o mercado de cerca US$ 7 trilhões em 2025, ou US$ 46 trilhões no horizonte 2050. A economia azul é uma grande oportunidade para os países costeiros e para os países insulares. Nós estamos a vir de uma conferência Moroni, na que adotou a declaração que coloca economia azul como uma plataforma para a promoção e aceleração dos Objetivos.”
No evento realizado na sede da ONU, António Pedro destacou que o continente faz um pouco além de se preparar para travar a pobreza, resgatar o planeta e construir um mundo pacífico, mas dando um impulso global.
Era de comércio e crescimento
“O mercado de carbono é uma oportunidade muito importante. E aí, os nossos números e cálculos indicam que se conseguíssemos vender a tonelada de carbono sequestrado por US$ 120, África poderia gerir cerca de US$ 82 milhões por ano. Muito mais do que a assistência ao desenvolvimento, que nós recebemos de cerca de US$ 60 milhões. E a zona livre do comércio africano oferece os fundamentos para esse processo de industrialização e de transformações estruturais das nossas economias. Uma economia com um mercado de 1,4 bilhões de habitantes, que poderão crescer para 2,5 bilhões de habitantes em 2050, representaria, neste caso, as economias em termos de população da Índia e da China”.
António Pedro diz haver razões para acreditar que é possível render aplicando investimentos em infraestrutura e impulsionando o arranque de uma nova era de comércio e crescimento para as economias locais com impacto pelo mundo.
Nos próximos seis anos da Década de Ação, a ONU enfatiza atuação em três níveis para alcançar os ODS: global, local e das pessoas.