Nações Unidas elogiam o diálogo político em Moçambique como exemplo de inspiração para o mundo.
MAPUTO, Moçambique - As Nações Unidas consideraram hoje que o diálogo político em Moçambique para a paz representa um “raio de esperança” face às múltiplas crises que o mundo atravessa, elogiando o compromisso das lideranças do país africano com a inclusão.
“O mundo está em crise” e “diante deste cenário sombrio, o diálogo político de Moçambique pela paz tornou-se um raio de esperança”, disse Cristina Duarte, Conselheira do Secretário-Geral para a África, durante cerimônia oficial do fim da fase de desarmamento e desmobilização dos ex-combatentes da Resistência Nacional Moçambique (Renamo), como parte do processo de paz.
“Moçambique demonstrou que conflitos podem ser resolvidos pacificamente, por meio de um diálogo honesto, aberto e com inclusão política”, realçou Cristina Duarte.
A representante de António Guterres referiu-se em particular ao compromisso do Governo de pagar pensões aos antigos guerrilheiros da Renamo como ato que traduz a vontade de inclusão social e reconciliação nacional.
“A decisão de se estender o sistema de pensões para os desmobilizados é um ato de reconciliação e um passo decisivo em relação à construção da nação”, enfatizou.
Cristina Duarte destacou que a medida é um importante contributo para a consolidação da paz em Moçambique e serve de inspiração para outros países que procuram acabar com conflitos armados.
Legenda: Mirko Manzoni, Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU, durante cerimônia oficial de encerramento da fase de desarmamento e desmobilização do processo de DDR.
Para o Enviado Pessoal do Secretário-Geral para Moçambique, Mirko Manzoni, “os moçambicanos apropriaram-se do processo de paz e deram-lhe vida”.
Citando o papel das mulheres, Manzoni afirmou que “as mulheres têm participado de cada passo dado, desde a mediação até as fases de implementação do processo de paz - e isto muito nos orgulha”.
A abordagem centrada no ser humano garantiu que a paz tivesse a melhor chance de sucesso, segundo o Enviado Pessoal.
“Desde o início, o Governo de Moçambique e a Renamo mantiveram tanto o controlo como a iniciativa no estabelecimento da arquitectura nacional de paz”, disse Mirko Manzoni.
Para Manzoni, isso é demonstração de “uma forte vontade política” que consistentemente busca “soluções nacionais para os problemas nacionais”.
“O mundo precisa de líderes africanos para demonstrar como a paz pode ser forjada e como pode ser promovida; Moçambique tem demonstrado ser um líder, e estou confiante que o país continuará a sê-lo, inspirando outros a fazerem o mesmo” - Mirko Manzoni, Enviado Pessoal do Secretário-Geral para Moçambique.
Legenda: Desmobilizados da RENAMO na área de desarmamento, desmobilização e reintegração em Vunduzi, Distrito de Gorongosa, Sofala.
Acordo de Maputo para a Paz e a Reconciliação Nacional
O ato de hoje é o culminar do encerramento no dia 15 da última base do braço armado da Renamo e é parte do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) previsto no Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em agosto de 2019.
Testemunhado por vários ex e atuais presidentes do continente africano, o Acordo de Maputo, assinado em agosto de 2019, facilitou o fim de anos de conflito, buscando trazer a paz definitiva a Moçambique.
Para apoiar a implementação do Acordo de Paz e o programa de desarmamento, desmobilização e reintegração, o Secretário-Geral das Nações Unidas nomeou Mirko Manzoni como seu Enviado Pessoal para Moçambique.
Veja abaixo alguns dos resultados do processo de paz:
5.221 ex-combatantes foram desarmados e desmobilizados;
Todas as 16 bases da Renamo foram encerradas ao redor do país;
Mais de 1,5 mil ex-combatentes e familiares receberam oportunidades socioeconômicas de reintegração em cerca de um terço dos 154 distritos de Moçambique; e
Aproximadamente 145 beneficiários do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) foram integrados nas forças armadas e policial de Moçambique.