Discurso do Presidente de Moçambique por ocasião do Encerramento da Última Base da RENAMO
Discurso do Presidente de Moçambique, Sr. Filipe Nyusi, por ocasião do Encerramento da Última Base da RENAMO.
VUNDUZI, Moçambique
- Senhor Ossufo Momade, Presidente da RENAMO;
- Senhora Secretária de Estado na Província de Sofala;
- Senhor Governador da Província de Sofala;
- Senhor Embaixador Mirko Manzoni, Enviado Pessoal do Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres;
- Minhas Senhoras e Meus Senhores;
- Compatriotas, Combatentes da Renamo!
Voltamos, hoje, à Serra de Gorongosa para encerrar uma etapa fundamental na história recente do nosso país. O culminar bem-sucedido de um processo longo, porém carregado de simbolismo.
Refiro-me ao encerramento da última base da Renamo e a respectiva desmilitarização dos compatriotas que nela se encontravam acomodados.
O acto que aqui testemunhamos, representa o escalar de mais um degrau no caminho para uma paz duradoura, tão clamada pelos moçambicanos, quanto merecida.
Por isso, esta parcela do nosso país, na província de Sofala, chamada Vunduzi, assume uma grandeza histórica singular, não como o epicentro de um conflito armado, mas como baluarte da paz e reconciliação entre os moçambicanos.
Quero, por isso, saudar a todos os presentes que se dignaram juntar-se a nós, neste grandioso evento, cujos protagonistas são os próprios moçambicanos.
Distintos Convidados,
Este acto decorre do diálogo permanente para a restauração da paz efectiva e duradoura que sempre entendemos ser condição fundamental para o nosso desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Assumimos este como um pressuposto para a concórdia e reconciliação nacional e juntos avançamos nesta agenda, que teve de durar o tempo necessário, para criar a confiança, meio caminho para o sucesso de qualquer processo.
É, por isso, fundamental que estejamos a encerrar este processo num local que tem sido crucial, ao longo de todo o diálogo. Basta recordar que foi nas proximidades deste lugar que mantive o histórico encontro inicial com o então líder da Renamo, Afonso Dhlakama, em Agosto de 2017, ao qual muitos outros encontros e discussões se seguiram. Foi aqui onde construímos os alicerces do edifício da nossa paz, que hoje, com este acto singelo, completa mais uma etapa.
Lembro-me da coragem e vontade que Dhlakama demonstrou naquelas fases iniciais do processo, que permaneceram centrais para orientar os esforços que nos conduziram a este desfecho, apesar do seu precoce desaparecimento físico.
Como resultado do diálogo franco, foram decretadas tréguas, sem que fosse assinado nenhum acordo, um acto inédito que significa alto nível de confiança.
Estamos orgulhosos por esta conquista notável e, em particular, pelo facto de todos os beneficiários do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração – DDR, poderem, doravante, estar em casa, junto das suas famílias e comunidades, construindo um futuro risonho e seguro.
Em reconhecimento da contribuição crucial das mulheres na construção da paz, ao longo deste processo, defendemos, sempre, uma perspectiva de equidade de género, garantindo que as necessidades específicas das antigas guerrilheiras fossem atendidas.
Foi assim que, nos últimos dias, cerca de cem mulheres foram desmobilizadas, o que nos deve convocar a continuar a reflectir sobre o papel relevante que as mulheres desempenham na construção da paz, em Moçambique.
Podemos assim afirmar, com segurança, que o encerramento desta base, demonstra a determinação inabalável do meu Governo e da Renamo, de não mais voltar às hostilidades militares e de consolidar a paz duradoura em Moçambique.
Compatriotas aqui presentes,
Deste pódio, quero, também, mais uma vez, felicitar à Renamo e ao seu líder, Ossufo Momade, que hoje se encontra aqui connosco, pelo empenho na conclusão bem-sucedida, desta fase do desarmamento e desmobilização, tendo em consideração que o processo de reintegração é de carácter contínuo.
Seria omisso, se não rendêssemos a nossa homenagem ao então líder da Renamo, Afonso Dhlakama, pois, sem a sua determinação e dedicação não estaríamos, hoje, a celebrar este marco indelével da nossa história. Foi com ele que trilhámos o percurso inicial, irreversível para a paz e concórdia definitiva, bem continuado pelo seu sucessor.
Os nossos debates foram sempre de carácter flexível, por compreender que as deliberações devem ser feitas para servir os moçambicanos, em função da realidade vivida.
Termino, exprimindo a minha sincera gratidão a todos os que trabalharam, incansavelmente, para o sucesso das actividades, no âmbito do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração, sobre o qual, durante os próximos dias, anunciaremos outro passo, sobre a consolidação do processo de reconciliação em curso.
Auguro que todos os beneficiários do DDR sejam recebidos de braços abertos como filhos, irmãos, vizinhos e membros das nossas comunidades que regressam à casa e disponíveis para contribuir para o seu crescimento e prosperidade para o desenvolvimento do país de todos.
Desejo a todos uma boa viagem, que regressem em paz e saibam que a paz é cultura dos moçambicanos, a paz deve continuar a fazer parte da nossa forma de ser e estar. Que, como Moçambicanos, continuemos de mãos dadas, porque a paz definitiva e duradoura depende de nós.
A nossa ferramenta mais eficaz será sempre e deverá continuar a ser o diálogo, por isso não podemos deixar que a violência e a chantagem destruam as pontes de entendimento que juntos temos estado a construir. A postura de cada um de nós deve ter em conta a prosperidade dos outros, sobretudo, aqueles que se encontram numa situação de vulnerabilidade.
Com estas palavras, tenho a honra de, juntamente com o Presidente da Renamo, declarar, de modo solene, encerrada a última base da Renamo e o processo de Desarmamento e Desmobilização dos nossos concidadãos, ontem guerrilheiros da Renamo.
Pela atenção dispensada, agradeço!