“Nós, os Africanos, queremos a paz no nosso Continente”
Afirmou o Presidente Nyusi durante Debate Aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Agenda "Silenciar as Armas" em África.
NOVA IORQUE, EUA - Destacando os vínculos entre paz duradoura, desenvolvimento inclusivo, segurança e estabilidade no continente africano, os oradores do Conselho de Segurança enfatizaram hoje a necessidade de maior cooperação internacional e apoio a “Soluções africanas para problemas africanos”, durante um debate sobre o impacto do desenvolvimento políticas na implementação da iniciativa “Silenciar as Armas” da União Africana, um dos eventos marcantes da presidência de Moçambique, no dia 30 de março.
Filipe Jacinto Nyusi, Presidente de Moçambique e Presidente do Conselho durante o mês de março, falando na qualidade de chefe de Estado, sublinhou que para se ter um continente em paz, “é preciso que os líderes africanos acreditem que é possível um continente com armas silenciadas”.
“Nós, os Africanos, queremos a paz no nosso Continente”, Presidente Filipe Nyusi.
Assim, eles devem não apenas garantir os recursos necessários à sua disposição para acelerar o “Silenciar as armas” de uma vez por todas, mas também resolver as causas que alimentam os conflitos no processo de desenvolvimento do continente.
Além disso, sublinhou a necessidade de deixar de dar ouvidos às agendas daqueles que implementam programas de pilhagem dos recursos de África.
A independência de Moçambique em 1975 só foi possível após uma luta armada de 10 anos. “Silenciar as armas” resultou das negociações que culminaram nos acordos de Lusaka em 1974 entre a Frente de Libertação de Moçambique e o Estado colonial português, depois de o domínio colonial fascista se ter recusado a dialogar.
Um ano após a proclamação da independência — em 1976 — Moçambique viveu uma devastadora guerra de agressão travada pelos regimes racistas da Rodésia e do apartheid, que durou 16 anos.
“Precisamos de deixar de aderir a agendas dos que se aproveitam da nossa vulnerabilidade, para nos dividir e facilmente implementar programas de pilhagens das nossas riquezas”, Presidente Filipe Nyusi.
Citando a questão da manutenção da paz e reconciliação nacional como a principal prioridade, chamou a atenção para o consenso que levou ao Acordo de Paz e Reconciliação Nacional em agosto de 2019, também conhecido como Acordo de Maputo.
O Presidente Nyusi afirmou que desde que assumiu a Presidência da República de Moçambique, a 15 de Janeiro de 2015, ele tem “estado a colocar a questão de manutenção de Paz e a Reconciliação nacional como principal prioridade da governação”.
“Assumimos o compromisso de não descansarmos, enquanto um irmão continuar a pegar em armas para matar outro irmão, fosse a que pretexto fosse”, Presidente Filipe Nyusi.
O componente militar do Acordo envolveu desarmamento, desmobilização e reintegração, observou, destacando sua relação direta com “Silenciar as armas”.
No entanto, enfatizou que “Silenciar as armas” requer uma visão de longo prazo no desenvolvimento do país, o que implica promover a justiça social de forma sustentável.
"Por essa razão, no contexto do nosso processo de paz liderado pelos moçambicanos, consideramos extremamente importante continuar a assegurar a longo prazo uma reintegração sustentável dos beneficiários do DDR", continuou o Presidente.
E nesta senda, o Presidente Nyusi afirmou que seu Governo aprovou no passado dia 21 de Março, o Decreto de Conselho de Ministros, que permite o pagamento de pensões a todos beneficiários do DDR, apesar de não terem descontado porque nunca tinham tido a oportunidade de trabalhar.
"O processo de paz em curso e a implementação do Acordo de Reconciliação são únicos, baseados em uma abordagem inovadora que encoraja a tolerância, enfatiza a importância da apropriação nacional e prioriza o diálogo" - Presidente Filipe Nyusi.
Ele relembrou suas conversas diretas com [o líder da oposição Afonso] Dhlakama e destacou a importância crítica da comunicação formal e informal. Além disso, antes de assinar o Acordo de Maputo em 2019, manteve contactos regulares com a oposição, incluindo visitas para se encontrar com os seus líderes, anteriormente armados, nas suas bases na Serra da Gorongosa.
O Presidente também afirmou que o processo de paz de Moçambique tem beneficiado de significativo apoio do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, representado no terreno pelo seu Enviado Pessoal para Moçambique o Embaixador Mirko Manzoni.
“Os mocambicanos reconhecem e agradecem o apoio dos parceiros de desenvolvimento e peritos internacionais cuja assistência é relevante nesta fase de implementacao, contudo, o processo continua a ser liderado pelos moçambicanos e as soluções continuam a ser encontradas pelos nacionais” - Presidente Filipe Nyusi.
Ele ressaltou que nenhum “Silenciar as armas” pode ser completo se o extremismo violento prevalecer na África.
Enfatizando a necessidade de incluir mulheres e jovens nos processos de paz, sublinhou também a necessidade de garantir a estabilidade social através da criação de oportunidades para o desenvolvimento do capital humano.
Com isso, o seu Governo pretende consolidar a cultura da paz, onde as divergências se resolvem pelo diálogo e não pela força das armas, afirmou.