"A paz sempre foi a minha Cultura"

MAPUTO, Moçambique - Sempre acreditei que a paz é um pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação. Para mim, contribuir para a paz no meu país é uma verdadeira honra.

Foi por isso que aceitei a oferta para trabalhar na Beira e aceitei o desafio de abrir o primeiro "escritório" onde decorreriam todas as atividades relacionadas com o desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) dentro do Secretariado para o Processo de Paz. Aproveitar esta oportunidade foi o início do meu envolvimento com o processo de paz em 2018.

Trabalhar com o processo de paz me permitiu fazer parte de um dos momentos mais históricos do meu país. A importância do processo de paz reside não só na grandeza do acto de perdão, demonstrado pelos líderes das duas partes em conflito, mas também no processo de cura dos moçambicanos de feridas causadas por divergências passadas.

O dia 1º de agosto de 2019, quando foi assinado o acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares, foi para mim um dia memorável desse processo. Foi o culminar de toda uma série de negociações que começaram com muita incerteza mas terminaram com muita esperança.

Presenciar aquele abraço entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, foi algo marcante. Foi o início de uma nova era no meu país, o primeiro passo para a construção de um Moçambique unificado e indivisível.

Um ex-combatente chamado Manuel foi o primeiro desmobilizado que tive o prazer de conhecer e a responsabilidade de ajudar a regressar a casa. Ele me perguntou se eu acreditava no processo de paz ou achava que era "só mais um". Acredito firmemente que o objetivo do processo de paz é trazer a paz real e estou convencido de que, trabalhando juntos, alcançaremos esse objetivo.

Paz e reconciliação significam perdoar e aceitar os outros, mesmo que difiram em crenças. É preciso abraçar uma cultura de paz e de diálogo para que isso se torne realidade.

Dercio é um dos cerca de 30 funcionários do Secretariado do Processo de Paz, que apoia as partes na implementação do Acordo de Maputo para a Paz e Reconciliação Nacional, sob a orientação do Enviado Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para Moçambique, Mirko Manzoni.