Recuperação pós-ciclones acontece na Província de Sofala com o apoio da ARCADIS Global e do UN-Habitat.
BEIRA, Moçambique - Mais de três anos após o ciclone Idai e Keneth atingir Moçambique em 2019, grande parte do país ainda está tentando se recuperar. Um exemplo dessa recuperação está ocorrendo no corredor inferior da Beira, na Província de Sofala, ao longo das bacias dos rios Busi e Pungué.
Sendo a zona uma das mais afetadas e sofrendo de vulnerabilidade crónica a ciclones e cheias, os esforços em curso para uma recuperação resiliente vão ajudar a transformar o processo de reconstrução numa oportunidade para aumentar a resiliência socioeconómica e valorizar o património natural e histórico, bem como como abordar as causas profundas da vulnerabilidade e redução do risco contra desastres futuros.
Recentemente, foi realizada no corredor da Beira inferior uma missão técnica da consultora de soluções para ativos naturais e construídos, ARCADIS Global, cujos contributos e recomendações irão apoiar o uso sustentável e resiliente do território num contexto pós-catástrofe através de abordagens integradas para reconstruir melhor e construir resiliência para futuros desastres a longo prazo.
A assistência técnica da ARCADIS produzirá mapas de risco, modelagem de risco, avaliação de risco baseada em cenários e formulação de uma 'Estrutura Territorial Integrada' para a criação de uma rede de Plataformas de Apoio compreendendo edifícios públicos que servirão como escolas, armazéns comunitários, mercados, e centros de saúde que se tornem abrigos seguros durante ciclones e cheias, com o objectivo de dar apoio à recuperação das populações situadas no Baixo Corredor da Beira, na Província de Sofala.
Comentando o projeto, o Embaixador dos Estados Unidos em Moçambique, Peter H. Vrooman, disse que "Moçambique é um dos países mais vulneráveis a desastres naturais, que se agravaram nos últimos anos devido às mudanças climáticas".
"Este investimento em infraestrutura multifuncional é um investimento em comunidades resilientes para ajudar a salvar vidas e meios de subsistência”, Embaixador dos Estados Unidos em Moçambique, Peter H. Vrooman.
Estes produtos serão utilizados na perspetiva de promover a abordagem “viver com cheias e ciclones”, contribuindo transversalmente para as iniciativas em curso implementadas pela ONU-Habitat, em particular, os projetos “reconstruindo melhor (build back better) e construindo resiliência: uma abordagem integrada para o Centro de Moçambique” , financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), implementando em conjunto com a FAO; “Recuperação multidimensional resiliente no Ibo e Buzi”, financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), implementando em conjunto com a UNESCO e “Assistência técnica na reconstrução Habitação e assentamentos humanos resilientes”, financiado pelo Post-Cyclone Idai Reconstruction Office (GREPOC) com fundos do Banco Mundial.
À luz do apoio à recuperação resiliente das áreas e pessoas fortemente afetadas pelos ciclones, o UN-Habitat tem se empenhado na mobilização de recursos para a recuperação e reconstrução pós-desastre de uma forma mais resiliente.
Assim, em 2019, o UN-Habitat desenvolveu o chamado Post-Cyclone Building Back Better and Resilience Building Umbrella Program, que conduziria os seus esforços para mobilizar recursos para apoiar uma recuperação resiliente pós-ciclone do Centro de Moçambique, área fortemente afetada pelo ciclone Idai.
Em 2021, foram aprovados Subsídios da USAID, AICS e GREPOC através de fundos do Banco Mundial entre os mais relevantes, para apoiar projetos que trabalham para a Reconstrução Resiliente na Província de Sofala, em estreita coordenação com todas as autoridades em diferentes níveis, organizações comunitárias, implementando parceiros e setor privado.
O UN-Habitat propôs uma abordagem territorial integrada que funciona em níveis multissetoriais e multiescala, concentrando-se na área do corredor inferior da Beira, incluindo os distritos de Buzi, Dondo e Nhamatanda e atingindo o nível comunitário; os planos participativos são formulados com base no mapeamento e nas soluções, depois usados para implementar infraestruturas para a redução do risco de desastres e desenvolvimento local.