Chefe da ONU destaca energia renovável para evitar catástrofe climática
14 janeiro 2023
António Guterres apresentou plano de cinco pontos na 13ª Sessão da Assembleia da Agência Internacional de Energia Renovável.
NOVA IORQUE, EUA - A energia renovável é o único caminho confiável para o mundo evitar uma catástrofe climática. Foi o que disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, neste sábado durante a 13ª Sessão da Assembleia da Agência Internacional de Energia Renovável, Irena.
Em mensagem de vídeo para o evento que acontece neste fim de semana em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, ele apresentou um plano de cinco pontos para uma transição justa.
Segurança energética
Para o chefe da ONU, apenas as energias renováveis podem proteger o futuro, fechar a lacuna de acesso à energia, estabilizar os preços e garantir a segurança energética.
Guterres alertou que o mundo ainda é “viciado em combustíveis fósseis” e a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC está ficando fora de alcance rapidamente.
O secretário-geral das Nações Unidas adicionou que, com as políticas atuais, o aquecimento global deve ser de 2,8ºC até o final do século. Segundo ele, as consequências devem ser serão arrasadoras, com várias partes do planeta ficando inabitáveis.
Energia renovável
As fontes de energia renováveis representam atualmente cerca de 30% da eletricidade global. Guterres disse que isso deve dobrar para mais de 60% até 2030 e 90% até meados do século.
Em seu plano, ele pede a remoção de barreiras de propriedade intelectual para que as principais tecnologias renováveis, incluindo o armazenamento de energia, sejam tratadas como bens públicos globais.
Os países também devem diversificar e aumentar o acesso às cadeias de abastecimento de matérias-primas e componentes para tecnologias renováveis, sem degradar o meio ambiente.
Para ele, isso pode ajudar a criar milhões de empregos verdes, especialmente para mulheres e jovens no mundo em desenvolvimento.
Financiamento da transição
O secretário-geral da ONU pediu aos tomadores de decisão a reduzir a burocracia, acelerar as aprovações de projetos sustentáveis em todo o mundo e modernizar as redes elétricas.
Seu quarto ponto foca nos subsídios à energia. Ele enfatizou a necessidade de trocar os combustíveis fósseis para energia limpa e acessível, acrescentando que “devemos apoiar os grupos vulneráveis afetados por essa transição”.
O ponto final destacou como os investimentos públicos e privados em renováveis devem triplicar para pelo menos US$ 4 trilhões de dólares por ano.
Papel dos países desenvolvidos
Observando que a maioria dos investimentos em energias renováveis está nos países desenvolvidos, Guterres encorajou os países a trabalharem juntos para reduzir o custo de capital para energias renováveis e garantir que o financiamento chegue aos que mais precisam.
Para o secretário-geral da ONU, os bancos multilaterais de desenvolvimento também devem investir maciçamente em infraestrutura de energia renovável, enquanto as nações mais ricas devem trabalhar com agências de crédito para ampliar os investimentos verdes nos países em desenvolvimento.
Soberania energética
O presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Korosi, destacou como o sucesso na proteção do clima depende da transição para energia limpa.
Também por mensagem gravada, ele declarou que a transição energética prevista era “uma agenda de tempos de paz”.
O líder da Assembleia Geral questionou como ela funcionará em tempos de grandes confrontos políticos, quando o fornecimento de energia se transforma em uma ferramenta de conflito.
Embora possam ocorrer contratempos no curto prazo, juntamente com um provável aumento nas emissões de gases de efeito estufa que impulsionam o aquecimento global, Korosi destacou os benefícios de longo prazo da energia verde.
Ele adiciona que, olhando para as tendências de investimento, o impacto de longo prazo do conflito pode ser o oposto. “Da energia solar à eólica, das ondas e geotérmica, fontes de energia renováveis estão disponíveis para todos os climas. Seu uso tem o potencial de fortalecer a soberania energética”, concluiu.