Jovens de Moçambique querem ter voz em decisões sobre mudanças climáticas
05 dezembro 2022
Entidade das Nações Unidas e parceiros apoiam participação da juventude na reflexão sobre mudanças climáticas.
MAPUTO, Moçambique - Moçambique conta com mais uma plataforma juvenil para lidar com a crise climática e ambiental e fazer provisões para a sua participação segura e significativa.
Trata-se da Plataforma Juvenil para Ação Climática, Ycac Moz, cujos membros estiveram na conferência de Jovens, COY, e na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças climáticas, COP27, no Egito, no mês passado.
Voz a Juventude
A Plataforma Juvenil para Ação Climática quer agora dar seguimentos as experiências partilhadas nos eventos.
Nélio Zunguza, gestor do projeto e responsável pela implementação da plataforma, disse à ONU News, em Maputo, que a prioridade é sensibilizar a juventude para dar a conhecer as consequências das mudanças climáticas.
“Pretendemos, no próximo ano, realizar a conferência nacional que vai legitimar a voz dos jovens, crianças e adolescentes a nível nacional nesta componente. Vamos ter pontos que serão levados para o governo que vão ser juntos inclusos outros setores chaves da sociedade como posicionamento de Moçambique. Teremos lá a voz da criança, jovem adolescente e a rapariga neste processo”.
Empoderamento
Para Vânia Gonçalo, da Ycac, há uma relação direta entre as mudanças climáticas e a violência baseada no gênero. Ela cita a necessidade de empoderar as mulheres através de formas alternativas, algo que a plataforma já desenhou e chama de negócios verdes.
“Negócios verdes pretende se levar de modo a capacitar raparigas e mulheres em técnicas de reaproveitamento de resíduos que possam ser transformados em algo que possa gerar algum lucro. Esta iniciativa tem como principal objetivo dotar as mulheres de ferramentas técnicas de empreendedorismo, técnica de reaproveitamento de resíduos, para que estas mulheres possam ter os seus negócios verdes que sejam sustentáveis para o meio ambiente e também de forma econômica”.
De acordo com um relatório recente da Save the Children, cerca de 774 milhões de crianças, um terço da população infantil total do mundo, vivem com o duplo impacto da pobreza e do alto risco climático.
Recomendações
No estudo, 83% das crianças consultadas, em 15 países, disseram ver impactos da crise climática ou da desigualdade, ou ambos, afetando o mundo ao seu redor. Um total de 73% acredita que os adultos deveriam fazer mais para resolver esses problemas.
Nélio Zunguza, afirma que a plataforma vai dar seguimento às recomendações obtidas na conferência de Jovens, COY, e na COP27.
“Recomendamos ao governo que nos oiça mais…que políticas a tomar, o que os jovens querem …e nós como plataforma somos essa força focada particularmente para esta questão de mudanças climáticas. As ONGs, ao definir seus orçamentos, suas atuações, que não sejam atuações que são decididas nos escritórios, que nos oiçam. Estamos aqui. À sociedade, em geral, que levemos muito a sério esta questão de mudanças climáticas e que nos engajemos, porque a dor que isto cria é única”.
Financiamento
Um dos desafios para a implementação de programas envolvendo jovens é a falta de fundos por parte do governo assim como dos parceiros. Vânia Gonçalo fala do desejo da plataforma Juvenil para Ação Climática.
“O modelo de financiamento não deveria ser por empréstimo, mas sim em jeito de doação. Sabemos nós que os mecanismos de financiamento têm sido longos. Hoje somos jovens, talvez o financiamento chegue daqui a 5 ou 10 anos e já não estaremos na mesma faixa etária. Nós estamos a favor de financiamentos rápidos e flexíveis, estamos também em busca de soluções para conseguir mecanismos de financiamento flexíveis, ou seja, que vão diretamente para os que mais necessitados.”
Para além do governo moçambicano, a Plataforma Juvenil para Ação Climática tem apoio das Nações Unidas através do Unicef, ONU Mulheres, Unfpa e parceiros, nomeadamente a Save the Children International.