ONU elogia Governo e RENAMO pelo uso continuado do diálogo para fazer avançar a paz e reconciliação nacional
04 outubro 2022
Legenda: Presidente da República de Moçambique e Presidente da RENAMO se encontram em área de desmobilização em Vunduzi, Porvíncia de Sofala, em setembro de 2020.
Por ocasião do Dia da Paz e Reconciliação Nacional, o Enviado Pessoal de António Guterres e a Coordenadora Residente da ONU elogiam o avanço da paz no país.
MAPUTO, Moçambique - Moçambique celebrou terça-feira o Dia da Paz e Reconciliação, que assinala o 30º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz entre Governo e RENAMO em Roma em 1992.
Conduzindo a cerimónia central com a colocação de uma coroa de flores e uma marcha da guarda de honra na Praça dos Heróis, em Maputo, o Presidente Filipe Nyusi apelou a todos os cidadãos para que continuem a lutar pela paz nacional.
Nyusi considerou os 30 anos como um longo caminho de avanços e retrocessos para alcançar uma paz duradoura e disse que a grande mensagem para este dia é que os moçambicanos aprendam a conviver e a respeitar as diferenças.
O chefe de Estado disse que a implementação do processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) dos ex-combatentes da RENAMO tem feito progressos assinaláveis, em que já foram abrangidos 4.002 dos 5.221 militares registados.
"Esperamos que até o final deste ano possamos concluir o processo de DDR, o que significará um marco na implementação do acordo de paz e reconciliação nacional", afirmou o Presidente Nyusi.
Em mensagem por ocasião do Dia da Paz e Reconciliação Nacional, o Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para Moçambique, Mirko Manzoni, e a Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, elogiaram o governo e a RENAMO pelo uso contínuo do diálogo para alcançar a paz e a reconciliação como único meio para o alcance do desenvolivmento sustentável.
“Desde o início, ambas as partes têm demonstrado empatia e respeito uma pela outra, componentes essenciais para estabelecer a confiança e abrir o caminho para o sucesso das negociações” – afirmaram os líderes da ONU em Moçambique em declaração oficial.
Lembrando que o país se se prepara para assumir o seu lugar como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, Mirko Manzoni e Myrta Kaulard afirmaram que Moçambique “tem agora a oportunidade de fazer chegar à cena mundial as suas próprias experiências de utilização do diálogo como instrumento para a criação de uma cultura de paz”.
“Ao celebrarmos este extraordinário progresso, encorajamos mulheres, homens, jovens, membros da sociedade civil e líderes comunitários e religiosos a apoiarem e celebrarem a paz no dia-a-dia”, continuaram .
“Quando todos abraçam a paz, ela passa a ser uma cultura, quando a paz se torna cultura, é quando tem mais chances de sucesso” – Mirko Manzoni e Myrta Kaulard.
O Acordo Geral de Paz foi assinado em Roma a 4 de Outubro de 1992, pelos então presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, e da RENAMO, Afonso Dhlakama, pondo fim a 16 anos de conflito no país.
Acordo de Maputo
Testemunhado por antigos e actuais presidentes do continente africano e apoiado pelas Nações Unidas, União Africana e União Europeia, o Acordo de Maputo, assinado em Agosto de 2019, prevê uma grande reforma política, incluindo descentralização do poder, maior transparência e atribuição mais equitativa de recursos e um programa de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) de ex-combatantes da RENAMO.
Para apoiar a implementação do Acordo de Paz, o Secretário-Geral das Nações Unidas nomeou Mirko Manzoni como seu Enviado Pessoal a Moçambique, então Embaixador da Suíça e Presidente do Grupo de Contacto da comunidade internacional juntamente com a RENAMO e o governo de Moçambique.
Até à data, 4.002 ex-combatentes da RENAMO, de um total de 5.221, foram abrangidos por este processo. Ao todo, cerca de 77% de todos os combatentes já foram desmobilizados.