MABALANE, Moçambique - Gilda Sitoe de 37 anos de idade, mãe de 5 filhos e Raulina Bothoza de 51 anos de idade e mãe de 4 filhos, ambas residentes na comunidade de Combomune Rio, distrito de Mabalane são desde 2020, membros da Escola no Curral do Criador (ECC).
No âmbito da implementação do projecto: "Pro-Acção Resiliência em Moçambique” cujo foco é aumentar a resiliência e a segurança alimentar de grupos vulneráveis à seca e desastre naturais nos distritos de Guijá e de Mabalane, na província de Gaza, as duas produtoras tiveram a oportunidade de aprender boas práticas sobre a criação local de frangos e aumentar a produção e o consumo em sua comunidade.
Gilda Sitoe explica que na comunidade criam galinhas como tradição herdada dos seus antepassados sem qualquer tipo de investimento. De acordo com a produtora, um dos grandes problemas que teve no passado, é a elevada mortalidade causada pela doença de Newcastle bem como perdas por predação, chuvas e ventos fortes.
“As galinhas pernoitavam nas copas de árvores no quintal da casa, expostas ao risco de predação por mochos (aves de rapina nocturnas de pequeno porte), chuvas, ventos, etc. Estes factores associados à doença de Newcastle causavam elevadas perdas de galinhas chegando a perder todo o bando” explicou Gilda Sitoe.
Gilda, que tinha antes sete galinhas apenas, conta agora com 35 aves e, explica que quando aderiu à iniciativa de Escola no Curral do Criador aprendeu muito sobre os cuidados de criação a ter com as suas galinhas. Uma das principais lições foi a construção de capoeira elevada para o alojamento das mesmas para protegê-las de chuvas, ventos fortes, predadores entre outros males.
Segundo a Gilda Sitoe, com a utilização da capoeira elevada começou a experimentar bons resultados traduzidos na diminuição de perdas por predadores, ventos e chuvas fortes e no consequente aumento do número de galinhas. Outra grande vantagem da utilização da capoeira é a facilidade de controlo e manuseio e captura das galinhas, durante as campanhas de vacinação assim como para outros fins.
Segundo Raulina Bothoza, membro da mesma ECC desde 2020, o uso da capoeira facilita o maneio e controlo das galinhas. Outro grande ganho é o controlo da doença de Newcastle em galinhas através de campanhas de vacinação, três vezes ao ano, nos meses de Março, Julho e Novembro de cada ano.
“O benefício para mim e para todas as famílias adoptantes destas práticas é ter galinhas todo ano disponíveis para o consumo da casa, venda para cobrir despesas da casa bem como para cerimónias tradicionais”, explicou a produtora que tinha antes 6 galinhas e agora possui 37.
Alexandre Mate, Extensionista do SDAE de Mabalane, de 27 anos de idade, recebeu a formação em Metodologia de Escola no Curral do Criador (ECC) em Setembro de 2020 para facilitar a criação e funcionamento de Escolas na comunidade de Combomune Rio.
A ECC pode ser descrita como uma “Escola sem paredes”, onde grupos de criadores de animais aprendem através da observação e experimentação com base em métodos de educação de adultos. Este método de aprender fazendo, permite que os criadores desenvolvam suas capacidades de análise e de decisão para resolver problemas no seu próprio contexto, recorrendo aos seus próprios recursos e às práticas locais.
Alexandre explica que a ECC é constituída por 30 membros que voluntariamente aderiram à iniciativa.
“Os 30 membros da Escola já construíram suas capoeiras e cumprem com as campanhas de vacinação das suas galinhas contra a doença de Newcastle. Como resultado, os surtos da doença já estão controlados bem como as perdas por predação, ventos e chuvas” explicou o Alexandre.
Segundo o entrevistado o grande desafio é fazer a réplica dos ensinamentos e resultados em toda a comunidade visando contribuir para o aumento da segurança alimentar através do aumento da produção e produtividade da galinha local.
O projecto é financiado pela União Europeia e beneficiou mais de 20 Escolas no Cural do Criador na Província de Gaza. Sob a implementação da FAO, mais de 600 famílias estão a criar galinhas por meio de práticas aprimoradas e medidas de saúde animal para garantir a segurança alimentar e diversidade de alimentos quando as mudanças climáticas afectam a produção agrícola, que é o principal meio de subsistência.