24 Jovens e a paixão por futebol

CHIÚRE, Moçambique -  As equipas de Proteção e Saúde Mental e Apoio Psicossocial (MHPSS em sua sigla em inglês) da Organização Internacional para as Migrações (OIM) trabalham em todo o norte de Moçambique para restabelecer esses laços e fortalecer os sistemas de apoio comunitário, o que contribui para o bem-estar dos indivíduos e da comunidade.

Na localidade de Micone no distrito de Chiúre, Cabo Delgado, a comunidade local acolhe Deslocados Internos que foram forçados a fugir das suas casas nos últimos dois anos devido à insegurança no norte de Moçambique. Esta é uma das áreas em que as equipes de Proteção e MHPSS da OIM trabalham para construir resiliência e fortalecer os laços entre os deslocados e a comunidade.

Malitato Chaibo África, a capitã da equipa, tem 15 anos e tinha como casa o distrito de Macomia, Cabo Delgado, até fugir dos ataques na sua aldeia natal, deixando a sua equipa de futebol e com ela a cumplicidade e o vínculo feito com os seus companheiros de equipa.

"Éramos uma família. Partiu meu coração ter que fugir de casa, foi de partir o coração ter que deixar meu time e me separar de meus companheiros e amigos", diz Malitato Malitato Chaibo África de 15 anos.

Foi durante as atividades socioculturais que se identificou um grande grupo de mulheres torcedoras de futebol; vários deles jogaram pela sua equipa local em diferentes locais de Cabo Delgado antes de terem de fugir das suas casas.

"Quando cheguei em Chiúre, tive que começar minha vida do zero. Não sabia nem me encaixar em um grupo", continuou.

Para oferecer-lhes a possibilidade de continuar praticando seu desporto, bem como ter um espaço compartilhado e seguro como mulheres, foi criado o time de futebol feminino Micone, no qual vinte e quatro adolescentes e jovens entre 15 e 21 anos de diferentes áreas de Cabo Delgado e a própria Micone, partilham a paixão de jogar futebol, tornaram-se amigos e criaram um círculo de apoio e confiança incondicionais.

Fazer parte de um grupo coletivo ajuda os jovens a se integrarem melhor no novo ambiente, reconstruir a competência social e as relações.

"Fazer parte do time de futebol foi a melhor coisa que me aconteceu aqui; agora me sinto parte desta família, e os fortes laços que criamos me ajudam a enfrentar todos os dias tão longe de casa, compartilhar e superar problemas e lutar pelos meus sonhos”, diz Malitato emocionada.

O deslocamento afeta as redes e os laços comunitários e causa sofrimento aos indivíduos e comunidades, especialmente às mulheres e raparigas, que são frequentemente afetadas de forma desproporcional durante crises.

No norte de Moçambique, mulheres e crianças representam 77% da população deslocada devido ao conflito em curso em Cabo Delgado, que deslocou mais de 780.000 pessoas de acordo com a mais recente Matriz de Monitoria de Deslocamento da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A OIM trabalha junto das demais entidades das Nações Unidas e parceiros na resposta humanitária liderada pelo Governo de Moçambique aos afetados pela complexa crise no norte do país.