NOVA IORQUE, EUA
Já vi muitos relatórios científicos no meu tempo, mas nada parecido com este.
O relatório de hoje do IPCC é um atlas do sofrimento humano e uma acusação condenatória de liderança climática fracassada.
Com fato sobre fato, este relatório revela como as pessoas e o planeta estão sendo impactados pelas mudanças climáticas.
Quase metade da humanidade está vivendo na zona de perigo – agora.
Muitos ecossistemas estão no ponto sem retorno – agora.
A poluição de carbono descontrolada está forçando os mais vulneráveis do mundo em uma marcha com mãos atadas para a destruição – agora.
Os fatos são inegáveis.
Essa abdicação da liderança é criminosa.
Os maiores poluidores do mundo são culpados de incêndio criminoso em nossa única casa.
É essencial cumprir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus.
A ciência nos diz que isso exigirá que o mundo reduza as emissões em 45% até 2030 e alcance emissões net zero até 2050.
Mas, de acordo com os compromissos atuais, as emissões globais devem aumentar quase 14% na década atual.
Isso significa catástrofe.
Vai destruir qualquer chance de manter o 1,5 vivo.
O relatório de hoje ressalta duas verdades fundamentais.
Primeiro, o carvão e outros combustíveis fósseis estão sufocando a humanidade.
Todos os governos do G20 concordaram em parar de financiar carvão no exterior. Eles devem agora fazer o mesmo urgentemente em casa e desmantelar suas frotas de carvão.
Aqueles no setor privado que ainda financiam o carvão devem ser responsabilizados.
Gigantes de petróleo e gás - e seus subscritores - também estão em alerta.
Você não pode alegar ser verde enquanto seus planos e projetos minam a meta de emissões net zero para 2050 e ignoram os grandes cortes de emissões que devem ocorrer nesta década.
As pessoas vêem através desta cortina de fumaça.
Os países da OCDE devem eliminar gradualmente o carvão até 2030 e todos os outros até 2040.
O atual mix global de energia está quebrado.
Como os eventos atuais deixam muito claro, nossa dependência contínua de combustíveis fósseis torna a economia global e a segurança energética vulneráveis a choques e crises geopolíticas.
Em vez de desacelerar a descarbonização da economia global, agora é a hora de acelerar a transição energética para um futuro de energia renovável.
Os combustíveis fósseis são um beco sem saída – para o nosso planeta, para a humanidade e sim, para as economias.
Uma transição rápida e bem gerenciada para as energias renováveis é o único caminho para a segurança energética, o acesso universal e os empregos verdes de que nosso mundo precisa.
Estou pedindo aos países desenvolvidos, Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, financiadores privados e outros que formem coalizões para ajudar as principais economias emergentes a acabar com o uso do carvão.
Esses mecanismos de apoio direcionados estariam além das necessidades existentes de desenvolvimento sustentável.
A segunda descoberta principal deste relatório é uma notícia um pouco melhor: investimentos em trabalho de adaptação.
A adaptação salva vidas.
À medida que os impactos climáticos piorarem – e eles irão – aumentar os investimentos será essencial para a sobrevivência.
A adaptação e a mitigação devem ser buscadas com igual força e urgência.
É por isso que tenho pressionado para obter 50% de todo o financiamento climático para adaptação.
O compromisso de Glasgow no financiamento da adaptação claramente não é suficiente para enfrentar os desafios enfrentados pelas nações na linha de frente da crise climática.
Também estou pressionando para remover os obstáculos que impedem pequenos estados insulares e países menos desenvolvidos de obter o financiamento de que precisam desesperadamente para salvar vidas e meios de subsistência.
Precisamos de novos sistemas de elegibilidade para lidar com essa nova realidade.
Atraso significa morte.
Eu me inspiro em todos aqueles que estão na linha de frente da batalha climática lutando com soluções.
Todos os bancos de desenvolvimento – multilaterais, regionais, nacionais – sabem o que precisa ser feito: trabalhar com os governos para projetar pipelines de projetos de adaptação financiáveis e ajudá-los a encontrar financiamento, público e privado.
E todos os países devem honrar a promessa de Glasgow de fortalecer os planos climáticos nacionais todos os anos até que estejam alinhados com 1,5°C.
O G20 deve liderar o caminho, ou a humanidade pagará um preço ainda mais trágico.
Eu sei que as pessoas em todos os lugares estão ansiosas e com raiva.
Eu também.
Agora é a hora de transformar a raiva em ação.
Cada fração de grau importa.
Cada voz pode fazer a diferença.
E cada segundo conta.
Obrigado.