NOVA IORQUE, EUA
Diretor-geral Ryder,
Distintos(as) representantes de governos, organizações de trabalhadores(as) e empregadores(as),
Senhoras e senhores,
Eu congratulo o diretor-geral Ryder e a OIT por organizarem este Fórum Global.
Sua reunião ocorre em um momento crucial em que nossa capacidade de nos recuperarmos dessa pandemia – e resgatar os ODS – está em jogo.
Para os países, para as economias, para as famílias e para os(as) trabalhadores(as).
À medida que a pandemia da COVID-19 avança, a pobreza está aumentando.
As desigualdades estão aumentando.
A renda das famílias está diminuindo – enquanto os bilionários do mundo viram seus lucros pessoais dispararem.
A situação é ainda pior para as mulheres, cuja participação na renda global total é inferior a 35%, e que enfrentam o aumento do desemprego e a maior carga de cuidados em todos os países.
Sem redes de segurança social robustas e oportunidades de trabalho decente, muitas mulheres que deixaram a força de trabalho durante a COVID-19 podem não conseguir entrar novamente – uma tragédia com consequências potencialmente ao longo da vida.
Enquanto isso, uma distribuição de vacinas profundamente desigual e profundas diferenças fiscais estão abrindo caminho para a recuperação dos países ricos, enquanto bloqueiam o progresso para os países mais pobres do mundo.
Os países ricos estão investindo uma porcentagem muito maior de seus PIBs na recuperação.
Enquanto muitos países de baixa renda estão presos por dívidas em espiral e carentes de recursos – vítimas de um sistema financeiro global que coloca os lucros antes das pessoas.
Os países em desenvolvimento enfrentam um déficit maciço e duradouro de empregos.
E nós estamos falhando totalmente em enfrentar a emergência climática com ações urgentes, transformadoras e concretas nesta década. O mundo está dramaticamente fora do objetivo de atingir a meta de 1,5 grau com a qual os países concordaram em Glasgow e do compromisso de US$ 100 bilhões para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem.
Como seu tema nos lembra, precisamos de uma recuperação verde, centrada nas pessoas, que coloque as pessoas em primeiro lugar.
Colocar as pessoas em primeiro lugar significa alcançar a proteção social universal, a melhor linha de defesa contra choques de todos os tipos e fundamental para uma transição justa.
Isso significa investimentos estratégicos em empregos decentes e aceleração da formalização de empregos no setor informal.
Colocar as pessoas em primeiro lugar significa uma verdadeira equidade em vacinas, com governos e empresas farmacêuticas trabalhando juntos para fornecer vacinas a todas as pessoas, em todos os lugares – não apenas em países ricos – e expandindo a capacidade local de fabricá-las.
Isso significa reformar o sistema financeiro global para que todos os países possam ter acesso a financiamento para apoiar seu povo, inclusive por meio de alívio de dívidas e sistemas tributários mais justos que canalizem alguns dos enormes bolsões de riqueza do mundo para aqueles que mais precisam.
Colocar as pessoas em primeiro lugar significa compromissos climáticos que correspondem à escala e à urgência da crise.
Isso inclui cumprir a promessa de dobrar o financiamento para adaptação como um primeiro passo para apoiar os países em desenvolvimento.
Também inclui apoio técnico e financeiro a países para uma transição justa do carvão para as energias renováveis e a criação de empregos verdes – mobilizando uma coalizão de países desenvolvidos, Bancos Multilaterais de Desenvolvimento e financiamento privado.
E colocar as pessoas em primeiro lugar significa renovar o contrato social e fazer investimentos maciços em seu bem-estar futuro.
Da saúde e educação… a sistemas alimentares e infraestrutura… a programas de proteção social que criam condições equitativas… a maior apoio a mulheres e jovens que sofreram desproporcionalmente durante a pandemia… a preparar as pessoas jovens para o mundo do trabalho em rápida evolução.
O Acelerador Global de Emprego e Proteção Social é uma parte crítica da resposta das Nações Unidas.
Nós estamos reunindo governos, instituições financeiras internacionais, sociedade civil e setor privado para criar 400 milhões de empregos – especialmente nas economias verde, de cuidados e digital – e estender a proteção social a 4 bilhões de pessoas atualmente sem cobertura.
Eu congratulo a liderança da OIT e aguardo com expectativa os resultados de suas deliberações neste Fórum.
A COVID-19 pegou o mundo despreparado.
Nós não podemos deixar isso acontecer de novo.
Como eu disse em meu relatório sobre ‘Nossa Agenda Comum’, o equilíbrio entre um avanço global e um colapso global depende das escolhas que fizermos agora.
Vamos enfrentar este momento difícil com nossos melhores esforços para nos unirmos em prol de soluções compartilhadas para a recuperação.
Soluções que nascem da solidariedade.
Soluções que colocam as pessoas em primeiro lugar.
Obrigado.