A produção de ovos promovida pelo Programa Mundial para a Alimentação (PMA) cria oportunidades de subsistência aos refugiados em Maratane, Província de Nampula.
Maputo, Moçambique - Mwasite, uma refugiada da República Democrática do Congo que vive no Centro de Refugiados de Maratane, Província de Nampula, sorri orgulhosamente ao mostrar o seu negócio. Depois de perder quatro filhos durante o conflito, ela e o marido deixaram a RDC para buscar refúgio em Moçambique em 2002.
Para ela, mudar-se para um país desconhecido depois de uma experiência tão traumática foi extremamente difícil.
“Nos primeiros meses após a minha chegada, não conseguia comer, não conseguia dormir, pensei que nunca mais seria feliz”, disse Mwasite.
No entanto, nos últimos meses, sua situação mudou. Graças à oportunidade oferecida pelo Programa Mundial para a Alimentação (PMA), ela envolveu-se na produção de ovos como uma oportunidade de sustento.
Mwasite encontrou um propósito e uma fonte confiável de renda. A capoeira que ela divide com outras 5 pessoas abriga 350 galinhas com uma produção de mais de 2.500 ovos por semana.
Quando questionada sobre o que Mwasite está a fazer com o dinheiro que ganha com a produção de ovos, ela disse "Eu tenho sido capaz de investir na educação dos meus filhos enquanto economizo para comprar mais galinhas poedeiras para o futuro".
Legenda: Bina mostra sua produção Campo de Refugiados de Maratane, Moçambique. Cada capoeira tem cerca de 350 frangos com uma produção média de mais de 2.500 ovos por semana.
O PMA implementa o projecto de produção de ovos desde 2018, como um componente do “Programa de Meios de Vida para Soluções Duráveis”, um programa conjunto liderado pelo PMA, em colaboração com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a Organização para Alimentos e Agricultura ( FAO) e o Programa de Assentamento Humano das Nações Unidas (UN-Habitat).
O projecto é financiado pelo Bureau of Population, Refugees and Migration, gabinete do Departamento de Estado dos Estados Unidos (BPRM) e que tem o objetivo de ajudar refugiados, requerentes de asilo e as comunidades anfitriãs do Centro de Refugiados de Maratane se auto-sustentam e se integram às comunidades e mercados locais.
Os refugiados são organizados em grupos de quatro a sete pessoas que recebem todos os bens e apoio necessários para iniciar a produção de ovos, como galinhas, treinamento, medicamentos e vacinas, rações e gaiolas.
Desde o início do projeto, mais de 4.500 galinhas foram distribuídas para mais de 92 refugiados divididos em 17 grupos. Todos os grupos juntos têm ganhado MZN 2 milhões (cerca de US $ 27.000) a cada 4 meses em média.
O projecto também mudou a vida de Bina. Ele é um refugiado da RDC e pai de uma menina. Antes de receber as galinhas do PMA, ele estava desempregado e contava apenas com a ajuda humanitária para sustentar sua família.
“Apesar de receber comida no acampamento, comecei a me sentir deprimido por causa da falta de perspectiva. Eu sabia que precisava fazer algo da minha vida e esse trabalho me trouxe a esperança de dias melhores ”, disse Bina.
Como o trabalho com as galinhas é feito coletivamente, o projecto também tem sido valioso para fortalecer laços dentro da comunidade de refugiados. “Ao discutir a produção e organizar a venda dos ovos, me sinto mais próxima dos meus colegas refugiados que enfrentam os mesmos desafios que eu”, diz Bina.
“Sinto-me em casa em Moçambique desde que entrei no projecto”, afirma Bina.
O projecto tem uma abordagem orientada para o mercado. Ela desenvolve cadeias de valor com potencial de tirar as famílias da pobreza crônica e da insegurança alimentar bem como garantir que os solicitantes de refúgio, refugiados e a comunidade anfitriã sejma melhor integrados.
Legenda: Bina e sua filha no Campo de Refugiados de Maratane, Moçambique.
Se novos fundos forem mobilizados, o PMA e as outras agências da ONU irão expandir as atividades, diversificar os investimentos para evitar a saturação do mercado e aumentar a multiplicação dos negócios.
Além disso, irão investir em inovações e fomentar a vinculação formal ao mercado para melhorar a quantidade e a qualidade dos produtos, e também estabelecer condições para melhorar a comercialização dos produtos.
As operações do PMA no Campo de Refugiados de Maratane com o “Programa de Meios de Vida para Soluções Duráveis e distribuição de alimentos em geral” foram possíveis graças ao apoio generoso do Departamento de População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado dos Estados Unidos (BPRM, em inglês), USAID Bureau for Humanitarian Assistance e do Governo do Japão.