“Moçambique quer comunidades na construção de uma responsabilidade ambiental”, afirma Ministra Ivete Maibaze
09 junho 2021
Legenda: 1ª Conferência Nacional sobre Mudanças Climáticas aconteceu nesta quarta-feira, dia 9 de junho com a presença de representantes do Governo, da comunidade internacional e da sociedade civil.
A S.Exa. Ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, falava na abertura da 1ª Conferência Nacional sobre Mudanças Climáticas.
Maputo, Moçambique - A S.Exa. Ministra da Terra e Ambiente de Moçambique, Sra. Ivete Maibaze, defendeu hoje a inclusão das comunidades na construção de uma "responsabilidade ambiental" para que a luta contra os desastres naturais produza resultados.
"Somos todos chamados, como sociedade, a participar na implementação de ações que assegurem cada vez maior responsabilidade ambiental, procurando contribuir para que as comunidades, de forma inclusiva, participem no processo, diminuindo assim os impactos negativos deste fenómeno", declarou a S.Exa. a Ministra Maibaze.
A governante falava na abertura da 1ª Conferência Nacional sobre Mudanças Climáticas, um evento no qual o executivo moçambicano e parceiros analisaram os impactos das mudanças climáticas, as ações planificadas e em curso e a partilharam boas práticas na implementação de planos locais de adaptação.
Legenda: A S.Exa. Ministra da Terra e Ambiente de Moçambique, Sra. Ivete Maibaze, durante abertura da 1ª Conferência Nacional sobre Mudanças Climáticas.
O país, prosseguiu, deve empenhar-se na redução dos impactos negativos das calamidades naturais, através de ações que incluem um crescimento económico sustentável e assente na diminuição de emissões de dióxido de carbono.
"O impacto das mudanças climáticas sobre as pessoas é complexo, podendo culminar com a migração de famílias inteiras, destruir meios de subsistência e afetar negativamente o crescimento económico, comprometendo, deste modo, o desenvolvimento", afirmou a Ministra.
Ivete Maibaze observou que os eventos climáticos extremos agudizam as desigualdades de género. No caso de Moçambique, continuou, os desastres naturais são um travão e ameaça aos ganhos que o país alcançou nos últimos anos no desenvolvimento social e económico.
"Continuamos a apostar massivamente na educação ambiental centrada para as questões de mudanças climáticas, com vista a elevar a consciência dos cidadãos e da sociedade, no geral, no sentido de adotarem práticas que contribuam para a conservação do meio ambiente e criação de condições para o bem-estar de toda a sociedade", ressalvou a ministra da Terra e Ambiente.
A Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, frisou em seu discurso durante a abertura do evento a importância da gestão sustentável dos recursos naturais, da governança adequada e da repartição equitativa de benefícios.
Para a Coordenadora da ONU, se essas três componentes forem levadas a cabo, elas poderão expandir exponencialmente os benefícios sociais e econômicos reais e potenciais gerados pelos recursos naturais e a capacidade do governo de atingir os principais objetivos de desenvolvimento, como a segurança alimentar.
“Além disso, a gestão sustentável pode reduzir exponencialmente a pobreza rural e práticas insustentáveis - como queimadas e desmatamento” afirmou Myrta Kaulard.
“Construir resiliência ambiental, social e econômica às mudanças climáticas é um imperativo absoluto”, Myrta Kaulard, Coordenadora Residente da ONU.
Legenda: Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, durante seu discurso na abertura da conferência.
“É importante que o foco nas mudanças climáticas passe estreitamente junto com uma forte sustentabilidade dos recursos naturais; Isso ocorre porque a gestão sustentável dos recursos naturais contribui para a resiliência e o desenvolvimento”, continuou.
Myrta Kaulard parabenizou a Sua Excelência a Ministra por ser uma dos Embaixadores Globais para o Mecanismo de Vida Adaptável ao Clima Local (LoCAL) do UNCDF e por ser a voz dos Países Menos Desenvolvidos em plataformas globais com foco no clima e meio ambiente.
“As Nações Unidas saúdam os planos de adaptação climática locais e os processos de planificação participativa como exemplos de como instituições podem ouvir as vozes e as necessidades das comunidades para promover a adaptação às mudanças climáticas”.
“Ao fazer as pazes com a natureza e incluir as comunidades e suas vozes no centro desse processo, poderemos restaurar ecossistemas e conduzir uma transformação que contribuirá para alcançar a prosperidade e a paz duradoras”, Myrta Kaulard, Coordenadora Residente das Nações Unidas em Moçambique.
O Embaixador da Delegação da União Europeia em Maputo, Antonio Sánchez-Benedito Gaspar, realçou como as crises e emergências não acontecem em sequência ordenada, como elas se sobrepõem e como precisamos de lhes dar uma resposta em paralelo.
“A União Europeia e os seus Estados-Membros estão dispostos a avançar juntos e a partilhar as suas experiências para ajudar a acelerar a ação climática a nível mundial”, Antonio Sánchez-Benedito Gaspar, Embaixador da Delegação da União Europeia.
Em Moçambique, a União Europeia tem apoiado o governo na implementação das suas políticas e programas ambientais e climáticos desde 2010 através de várias iniciativas. Entre eles o Programa de Apoio ao Sector do e a implementação dos Planos Locais de Adaptação através do programa Melhorando a Resiliência Climática Local (MERCIM) - ambos financiados pela Aliança Global às Mudanças Climáticas (Global Climate Change Alliance plus - GCCA+) e apoiados pelas Nações Unidas via o UNCDF.
Legenda: Penina Chaogua planta sementes de milho em um campo na comunidade de Ndonga, Província de Gaza. Com o apoio do Programa LoCAL, implementado pelo Governo de Moçambique com o apoio técnico do UNCDF, a comunidade conseguiu construir um sistema de canais e um projeto de irrigação que apoia uma cooperativa agrícola local e garante a segurança alimentar para toda a comunidade.
Moçambique está entre os países mais sujeitos a desastres do mundo. A ocorrência de desastres naturais como inundações, ciclones, elevação do nível do mar, erosão costeira, secas e terremotos tem tido um impacto significativo nas pessoas e na economia com maior intensidade nos últimos anos.
Estima-se que até 25% da população enfrenta um alto risco de mortalidade devido a tais eventos, e o país é classificado como o segundo país com maior exposição geográfica às mudanças climáticas da África.
A 1ª Conferência Nacional sobre Mudanças Climáticas reuniu cerca de 100 participantes representantes de instituições públicas, sector privado, organizações não- governamentais, embaixadas, instituições de ensino e de investigação e, de forma virtual, os Administradores distritais, Directores dos Serviços do Ambiente, Directores dos Serviços Distritais de Planeamento e Infra-Estruturas, Directores dos Serviços Distritais de Actividades Económicas entre outros.
Dentre vários temas discustidos, destacam-se: a integração das acções sobre mudanças climáticas nos processos de planificação a nível local, que inclui a partilha de experiências dos distritos de Memba, Mopeia, Mabote e Massangena; os cenários climáticos e sistema de aviso prévio em Moçambique bem como os mecanismos de financiamento de iniciativas sobre mudanças climáticas.