ONU preocupada com o subfinanciamento das operações humanitárias
03 abril 2021
Apenas 1% dos US$254 milhões necessários para prover assistência humanitária aos 1,3 milhão de pessoas afectadas pela crise no norte do país foi angariado.
Maputo, Moçambique - A Organização das Nações Unidas (ONU) está preocupada com o subfinanciamento das operações humanitárias, entre as quais de Moçambique, onde apenas 1% de 217 milhões de euros necessários foi angariado, disse hoje o porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas, Stéphane Dujarric.
“Estamos muito preocupados com a falta de fundos para operações humanitárias (…). A grande maioria [das operações da ONU] está severamente subfinanciada e Moçambique é uma delas”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres, em conferência de imprensa na sede das Nações Unidas em Nova Iorque.
“Exortamos os doadores a dar generosamente a todos os apelos humanitários”, completou o porta-voz do Secretário-Geral.
Dujarric sublinhou que “a situação ainda não é clara” no país africano, onde em 24 de março começaram ataques armados que ainda não foram totalmente controlados: “As pessoas ainda estão a sair” de Palma, mas as equipas da ONU, através de diversas agências humanitárias presentes no terreno, “estão a dar o seu melhor”, assegurou.
“Vemos o aumento de necessidades críticas em Moçambique. (…) Estamos a dar o nosso melhor”, declarou Stéphane Dujarric.
Em 13 de março, ao assinalar o segundo aniversário da passagem do ciclone devastador Idai por Moçambique, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, avisou que a população moçambicana precisa da ajuda urgente de US$254 milhões de dólares “para enfrentar a tripla crise resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia de covid-19”.
A ONU indicou que apenas 1% do valor necessário foi angariado até agora.
Ataques a Palma
Após ataques de grupos armados não estatais e confrontos em andamento em Palma, que começaram em 24 de março, mais de 14.500 deslocados foram registrados em pontos de chegada nos distritos de Nangade, Mueda, Montepuez e Pemba, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.
Na capital provincial, Pemba, autoridades nacionais instalaram um centro de recepção no porto e um centro de trânsito estabelecido no Centro Desportivo, com o apoio das Nações Unidas e parceiros.
Trabalhadores humanitários estão fornecendo assistência vital para aqueles que fogem da violência, incluindo ajudando a identificar os mais vulneráveis nos pontos de chegada e garantindo que recebam assistência dedicada, entregando uma resposta rápida kits de alimentos, criação de instalações de água, saneamento e higiene e garantia de encaminhamento rápido de pessoas que precisam de atenção médica urgente.
Plano de Resposta Humanitária para 2021
“Os parceiros humanitários em Moçambique necessitam urgentemente de financiamento adicional para aumentar a resposta em Cabo Delgado”, afirma Myrta Kaulard, Coordenadora Residente e Coordenadora Humanitária para Moçambique.
Em Dezembro, S.E. a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Veronica Macamo Dlhovo, e a Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, lançaram o Plano de Resposta Humanitária, solicitando US$ 254 milhões para assistir 1,1 milhões de deslocados internos e comunidades de acolhedoras nas Províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa ao longo de 2021.
“As Nações Unidas e toda a comunidade humanitária continuarão solidárias para com todos os afectados pela crise” - Myrta Kaulard, Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária para Moçambique.
Para Myrta Kaulard, “nunca é demais salientar a importância e a urgência de direcionar todos os esforços para travar esta crise extrema”. “A falta de resposta terá consequências desastrosas para Cabo Delgado, Nampula, Niassa e outros, comprometendo gravemente a recuperação, o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos, e os esforços de paz”, continuou a Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique.