Discurso da Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, por ocasião do Aniversário de Dois Anos da Passagem do Ciclone Idai
Discurso da Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária, Myrta Kaulard, por ocasião do Aniversário de 2 Anos da Passagem do Ciclone Idai.
- Sua Excelência Senhora Stella da Graça Pinto Novo Zeca, Secretária de Estado para a Província de Sofala;
- Sua Excelência Senhor Lourenço Ferreira Bulha, Governador da Província de Sofala;
- Sua Excelência Senhor João Ubisse Oliveira, Administrador do Distrito da Beira;
- Sua Excelência Vereador José Manuel, em Representação do Presidente do Conselho Autárquico da Beira;
- Sua Excelência Senhor Francisco Pereira, Director Executivo do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones;
- Ilustres Membros do Governo e da família das Nações Unidas;
- Excelentíssimas e Excelentíssimos representantes da sociedade civil;
- Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Boa tarde a todas e a todos,
Em primeiro lugar, eu gostaria de prestar homenagem a todas e todos que perderam suas vidas e foram afetados pelo ciclone Idai há dois anos e reiterar as nossas mais sentidas condolências aos munícipes da Cidade da Beira pelo falecimento do Presidente do Conselho Autárquico da Beira, Engenheiro Daviz Simango.
Gostaria também de parabenizar a população, as autoridades e a comunidade internacional pela resposta imediata e pelos esforços de recuperação e reconstrução.
Para assinalar o aniversário de dois anos da passagem do ciclone Idai, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, enviou uma mensagem de vídeo que eu gostaria de mostrar-lhes
**
[Exibição da mensagem de vídeo do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres]
Nesta ocasião em que se assinalam dois anos desde que o ciclone tropical Idai se abateu sobre Moçambique, reitero a solidariedade das Nações Unidas para com o povo e o governo moçambicanos.
Visitei Moçambique logo após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth e testemunhei, em primeira mão, a devastação provocada e os esforços de recuperação.
Jamais esquecerei o que vi.
Fiquei profundamente comovido com a força e a resiliência de todos aqueles que foram afetados - e também inspirado pelo heroísmo das equipas de ajuda de emergência.
A força dos ciclones alerta-nos para o facto de que o tempo está a esgotar-se no combate às alterações climáticas. As tempestades tropicais são cada vez mais intensas e frequentes. Há regiões em África que estão a aquecer a um ritmo duas vezes superior face à média global do planeta. Na verdade, o continente africano sendo dos que tem menores responsabilidades na crise climática, é dos que mais sofre as suas consequências.
É urgente adotar medidas imediatas destinadas a mitigar o aquecimento global e, ao mesmo tempo, apoiar as nações que estão na linha da frente das alterações climáticas para que vejam reforçada a sua resiliência e capacidade de adaptação.
Dois anos após o Ciclone Idai, muitas famílias ainda lutam para reconstruir as suas vidas. A tempestade tropical Chalane atingiu Moçambique em dezembro de 2020, seguida pelo ciclone Eloise em janeiro de 2021.
São catástrofes atrás de catástrofes!
O povo de Moçambique precisa da nossa ajuda urgente para enfrentar a tripla ameaça resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia da Covid-19.
Apelo à comunidade internacional para que intensifique os seus esforços e apoie o plano de resposta humanitária para Moçambique. O país necessita de 254 milhões de dólares para responder às crescentes necessidades humanitárias provocadas por esta tripla crise.
Nesta data, que nos faz a todos refletir, vamos unir esforços na ajuda ao povo moçambicano”.
[Fim da exibição da mensagem de vídeo do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres]
Como diz o Secretário-Geral, eu gostaria de fazer menção a tripla ameaça que Moçambique sofre com os eventos climáticos extremos, a COVID-19 e a insegurança.
A violência de cada choque climático e a sua frequência está a aumentar a fragilidade e vulnerabilidade da população, das infraestruturas e do país como um todo de maneira a retardar a desafiar a possibilidade de reconstruir-se melhor e reconstruir para durar.
É urgente investir em resiliência climática em Moçambique.
Agora, com o início da vacinação contra COVID-19 na semana passada, estamos vendo uma luz no fim do túnel da pandemia, mas devemos reconhecer que não voltaremos a um business as usual.
Devemos reconhecer que ainda há uma necessidade continuada de termos presentes as medidas de prevenção e uma maneria nova de viver e trabalhar que as respeitem inteiramente.
Por isso, há também a necessidade de investimento contínuo na resiliência a choques de saúde.
A insegurança está a causar deslocamentos em massas fazendo com que comunidades inteiras se tornem ainda mais vulneráveis e desafiando os recursos das pessoas e do país.
É urgente que haja um investimento renovado em desenvolvimento sustentável inclusivo, dando oportunidades de emprego e em infraestrutura.
Senhoras e senhores,
As mulheres e raparigas são as mais afetadas em cada um desses três desafios mencionados pelo Secretário-Geral. Elas também são as que menos são ouvidas e as que menos participam nas soluções que elas precisam para que possam ser protegidas dessas ameaças e possam tornar-se resilientes.
As mulheres estão também extremamente vulneráveis ao abuso e a exploração sexual na prestação de assistência humanitária.
Estou muito feliz que a Rede para a Proteção contra o Abuso e a Exploração foi estabelecido na Província de Sofala durante a resposta ao ciclone Idai e que, agora, baseado na experiência da Província, uma rede similar está sendo estabelecido em Cabo Delgado.
Gostaria de ressaltar a importância de que a sociedade como um todo, governo, organizações da sociedade civil, comunidade internacional e comunidade humanitária, una-se para a redução de qualquer e toda forma de abuso e exploração na prestação da assistência humanitária.
Senhoras e senhores,
A resiliência precisa estar no centro de tudo que fazemos.
Em nome das Nações Unidas em Moçambique e repetindo as palavras do Secretário-Geral, reitero a solidariedade das Nações Unidas para com o povo e o governo moçambicanos nessa caminhada rumo ao desenvolvimento sustentável e a resiliência.
Contem sempre com o apoio das Nações Unidas! Estamos juntos e continuaremos juntos!
Obrigada!
Discurso de
