Maputo, Moçambique - “Nosso mundo atingiu um marco de cortar o coração: a pandemia de COVID-19 já custou 2 milhões de vidas”, anunciou nesta sexta-feira (15) o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, ao pedir “uma solidariedade muito maior” em memória desses “2 milhões de almas”.
“Por trás desse número impressionante estão nomes e rostos: o sorriso que é agora apenas uma memória, a cadeira para sempre vazia à mesa de jantar, a sala que ecoa o silêncio de um ente querido”, destacou Guterres em uma mensagem em vídeo divulgada no mesmo dia.
Segundo o chefe das Nações Unidas, o impacto mortal da pandemia foi agravado pela ausência de um esforço global coordenado.
“Agora é a hora. Vacinas seguras e eficazes contra a COVID-19 estão sendo lançadas – e a ONU está apoiando os países a mobilizar o maior esforço global de imunização da história. Estamos empenhados em garantir que as vacinas sejam vistas como bens públicos globais – uma vacina do povo”, acrescentou.
As Nações Unidas pediram financiamento pleno para o Acelerador de Acesso a Ferramentas contra a COVID-19 e os mecanismos da COVAX – que se dedicam a tornar as vacinas disponíveis e acessíveis a todos.
“As principais economias do mundo têm uma responsabilidade especial. No entanto, hoje estamos vendo um vácuo de vacina. As vacinas estão alcançando países de alta renda rapidamente, enquanto os mais pobres do mundo não têm nenhuma”.
Para Guterres, o sucesso dos avanços científicos não está encontrando o mesmo respaldo na solidariedade global. “Alguns países buscam acordos paralelos até mesmo comprando além do necessário. Os governos têm a responsabilidade de proteger suas populações, mas o 'nacionalismo da vacina' é contraproducente e atrasará a recuperação global”, afirmou Guterres, acrescentando.
“A COVID-19 não pode ser derrotada em um país de cada vez” - Secretário-Geral das Nações Unidas.
Para a ONU, fabricantes devem aumentar seu compromisso de trabalhar com os mecanismos da COVAX e com países em todo o mundo para garantir fornecimento suficiente e distribuição justa. Além disso, é essencial que os países se comprometam a compartilhar o excesso de doses de vacinas, disse a Organização.
“Isso ajudaria a imunizar todos os profissionais de saúde em todo o mundo com urgência e proteger os sistemas de saúde do colapso. Outros na linha de frente, incluindo trabalhadores humanitários e populações de alto risco, devem ser priorizados”.
Para ganhar a confiança do público, disse Guterres, é preciso aumentar a confiança e o conhecimento sobre as vacinas com uma comunicação eficaz e baseada em evidências.
Ele lembrou ainda sobre as etapas simples e comprovadas que todos podem tomar: usar máscaras, distanciar-nos fisicamente e evitar aglomerações.
“Nosso mundo só pode ficar à frente desse vírus de uma maneira – unido. A solidariedade global salvará vidas, protegerá as pessoas e ajudará a derrotar este vírus maligno”, concluiu o Secretário-Geral.