Pesquisa da ONU em 195 países revela amplo apoio ao multilateralismo como resposta a desafios globais
08 janeiro 2021
Resultados finais da consulta para marcar os 75 anos das Nações Unidas foram publicados nesta sexta-feira; secretário-geral destaca compromisso com cooperação.
Maputo, Moçambique - A pesquisa global para marcar os 75 anos das Nações Unidas mostrou que pessoas em todo o mundo acreditam que o multilateralismo pode ajudar a enfrentar os desafios globais.
Os resultados finais foram divulgados esta sexta-feira. Mais de 1,5 milhão de pessoas de 195 países participaram da campanha por meio de entrevistas e diálogos.
Objetivos
A iniciativa foi lançada pelo Secretário-Geral, António Guterres, para compreender as esperanças e receios do público para o futuro, bem como as suas expectativas e ideias para a cooperação internacional.
Em comunicado, António Guterres disse que “a consulta ONU 75 mostrou que 97% dos entrevistados apoiam a cooperação internacional para enfrentar os desafios globais”.
Segundo o chefe da ONU, “isso representa um compromisso muito forte com o multilateralismo e com a missão das Nações Unidas” e agora cabe aos Estados-membros e Secretariado da ONU “atender às expectativas das pessoas que servem”.
Jovens
Um dos objetivos da pesquisa foi integrar a opinião de jovens de todo o mundo.
Em um vídeo, publicado em novembro do ano passado, Hajar Yagkoubi, da Holanda, disse que queria “viver em um mundo que oferece igualdade de oportunidades para todos desenvolverem suas capacidades, independentemente de quem sejam”.
Já Akosua Adubea Agyepong, de Gana, quer que “as pessoas trabalhem juntos, com espírito de multilateralismo, para garantir um futuro onde os jovens podem concretizar o seu potencial”.
União
Em entrevista à ONU News, o conselheiro especial do secretário-geral para a comemoração do 75º aniversário da ONU, Fabrizio Hochschild, disse que metodologias inovadoras e análises de inteligência artificial foram usadas, inclusive por meio das mídias tradicionais e sociais.
Além disso, foram realizadas duas pesquisas independentes sobre as mesmas questões. Para Hochschild, os resultados foram “surpreendentes”.
Ele disse que a unidade, através das gerações, grupos de renda das regiões e níveis de educação, foi um “resultado notável”.
Prioridades
Nas prioridades pós-Covid -19, o mundo se une sobre um acesso melhor a serviços básicos acessíveis, saúde, educação de qualidade, água e saneamento. As pessoas também defendem mais solidariedade com as comunidades e lugares mais atingidos.
Com a pandemia de coronavírus revertendo o progresso no desenvolvimento humano e ampliando as desigualdades, muitos entrevistados destacaram o acesso a serviços básicos e apoio aos mais afetados como prioridades.
Em todo o mundo, a maior prioridade imediata e de curto prazo era o acesso universal à saúde.
Além disso, dado o impacto da crise nas crianças e na educação, maiores investimentos em educação e programas para jovens tiveram uma classificação elevada, especialmente na África Subsaariana e na Ásia Central e do Sul.
Desafios
Entrevistados em todas as regiões identificaram as mudanças climáticas e as questões ambientais como o principal desafio global de longo prazo.
Outras prioridades de longo prazo variam de acordo com os níveis de renda, mas incluem oportunidades de emprego, respeito pelos direitos humanos e redução de conflitos.
Entrevistados em países com maior desenvolvimento humano dão mais prioridade ao meio ambiente e aos direitos humanos. Por outro lado, pessoas em países de baixo desenvolvimento humano destacam resolução de conflitos e necessidades básicas, como emprego, saúde e educação.
Papel da ONU
Muitos entrevistados também esperaram que as Nações Unidas tenham um papel de liderança para enfrentar os desafios globais imediatos. Muitos também desejam que a organização seja mais inclusiva, engajada, responsável e eficaz.
Os participantes também apelaram à ONU por liderança moral e um Conselho de Segurança reformado, representativo e ágil.
Pessoas de todo o mundo pediram e um sistema da ONU inclusivo e participativo, com melhor compreensão do trabalho da organização, e que mostra mais cuidado com as necessidades das pessoas.