O Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para Moçambique anuncia o encerramento de mais uma base da RENAMO e a desmobilização de mais 444 ex-combatentes.
MAPUTO, Moçambique – O Enviado Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para Moçambique, Mirko Manzoni, anunciou o encerramento de mais uma base da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) no Norte e a desmobilização de mais 444 ex-combatentes (beneficiários do processo de DDR), no âmbito do Acordo de Maputo de Paz e Reconciliação Nacional.
“Assim, marca-se o encerramento da décima terceira base e, com este desenvolvimento, o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) atinge 77% dos beneficiários”, afirmou Mirko Manzoni em declaração oficial.
Segundo o Enviado Pessoal de António Guterres, o encerramento da base localizada no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, marca o caminho para a conclusão do processo de desarmamento do braço armado do principal partido de oposição em Moçambique.
Legenda: Participantes do processo de DDR em Montepuez, Cabo Delgado.
“Ao aproximarmo-nos da conclusão da fase de desarmamento e desmobilização da implementação do Acordo de Maputo, temos de prosseguir com os nossos esforços para apoiar a reintegração”, frisou Mirko Manzoni, observando que “o apoio às necessidades de reintegração a longo prazo destas mulheres e destes homens historicamente marginalizados no espírito da construção de uma paz inclusiva é fundamental”.
Segundo Manzoni, o encerramento da base em Cabo Delgado, província que vive uma complexa crise de segurança, foi possível devido à “estabilização da situação de segurança na província ao longo do último ano” e é também reflexo de como “o modelo de construção da paz do país, através de soluções nacionais e regionais, está a funcionar”.
Três anos do Acordo de Maputo de Paz e Reconciliação Nacional
Assinado pelo Presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, e pelo principal líder da oposição do país, Ossufo Momade, e testemunhado por dignitários nacionais e estrangeiros na Praça da Paz da capital, a assinatura do acordo pôs fim a décadas de violência no país.
O Acordo compromete ambas as partes a pôr fim a todas as hostilidades políticas e militares e a implementar, na íntegra, o pacote legislativo sobre descentralização. Compromete-se ainda com o completo desarmamento, desmobilização e subsequente reintegração socioeconómica dos ex-combatentes da Renamo.
Para apoiar a implementação do Acordo de Maputo, o Secretário-Geral das Nações Unidas nomeou como seu Enviado Pessoal para Moçambique, Mirko Manzoni, então Embaixador da Suíça em Moçambique e Presidente do Grupo de Contacto.
Em mensagem comemorativa, o Secretário-Geral António Guterres reconheceu o compromisso com o diálogo por ambas partes, "Saúdo o uso continuado do diálogo por parte do Governo de Moçambique e da Renamo para promover a paz e a reconciliação. No 3º aniversário do Acordo de Maputo, reafirmo o compromisso das Nações Unidas de apoiar os moçambicanos na busca de um futuro melhor para todos" - António Guterres, Secretário-Geral da ONU.
Resultados no terreno
Nestes três anos, o Acordo de Maputo tem gerado resultados. Veja abaixo alguns deles:
4,002 pessoas já participaram do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), totalizando 77% de todos os beneficiários previstos.
Legenda: Processo de registro de ex-combatentes e participantes do processo de DDR na base de Báruè.