Declaração atribuída ao Porta-voz Adjunto do Secretário-Geral sobre Moçambique
30 setembro 2025
- Declaração atribuída ao Porta-voz Adjunto do Secretário-Geral, Farhan Haq, sobre Moçambique durante o briefing de hoje na sede das Nações Unidas.
NOVA IORQUE, EUA - Em relação a Moçambique, nossos colegas do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários nos dizem estar preocupados com o forte aumento da violência que afeta civis na Província de Cabo Delgado. Até o final de agosto, já haviam sido registrados 519 incidentes com impacto em civis – como bombardeios aéreos, saques, assassinatos e incêndios de casas. Esse número supera os 372 incidentes registrados em todo o ano de 2024.
Nossos colegas humanitários observaram que, nas últimas semanas, mais de 20.000 pessoas – incluindo 10.000 crianças – foram deslocadas na província. O número de pessoas afetadas pode ser muito maior, já que muitas famílias fogem para o mato e retornam para casa sempre que as condições de segurança permitem, depois de já terem sofrido deslocamentos e recebido pouca ajuda. Desde o início do ano, mais de 110.000 pessoas foram deslocadas na província de Cabo Delgado. O OCHA afirma que a insegurança persistente também está interrompendo serviços essenciais. Organizações humanitárias tiveram que suspender temporariamente suas operações em alguns locais.
Nossos parceiros humanitários estão se esforçando para prestar assistência às pessoas afetadas pela violência nos distritos de Mueda, Muidumbe, Ancuabe, Balama e Montepuez. Até o momento, eles conseguiram ajudar mais de 11.000 pessoas, mas muitos outros distritos continuam sem apoio devido à grave escassez de recursos. Neste contexto volátil, precisamos urgentemente de financiamento flexível e previsível.
Apesar das necessidades crescentes, o Plano de Resposta Humanitária para Moçambique, de US$ 352 milhões, deste ano, está 20% financiado, com apenas US$ 73 milhões recebidos. Cortes recentes de financiamento forçaram a suspensão de projetos críticos de água, saneamento e higiene, deixando cerca de 260.000 pessoas em Cabo Delgado sem acesso a serviços essenciais. E este é apenas um exemplo, pois nossa capacidade coletiva de responder às necessidades das pessoas está comprometida em todos os setores.